Brasil se insere na indústria 4.0, mas é preciso acelerar o passo

Brasil se insere na indústria 4.0, mas é preciso acelerar o passo

Grandes empresas já utilizam tecnologias digitais, mas é necessário popularizá-las. Boa infraestrutura de telecomunicações é um dos requisitos

Big Data, Internet das Coisas (IoT), automação digital com sensores para controle de processos, Inteligência Artificial (IA), sistemas integrados de engenharia para desenvolvimento e manufatura de produtos. Essas são algumas das novas tecnologias digitais que estão presentes, ainda que isoladas, em sete de cada dez grandes empresas industriais no Brasil, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mas ainda há muito a ser feito para que as empresas nacionais tirem proveito do uso desses recursos e consigam competir em um mercado global.

No Seminário “Pelo Futuro do Trabalho: Os desafios para a indústria e a qualificação profissional no Brasil”, especialistas nacionais e internacionais, assim como representantes de empresários e de trabalhadores, debaterão os desafios que surgem com o que se considera a 4ª revolução industrial.

“A indústria está dialogando com representantes dos trabalhadores para a construção de uma agenda comum pelo desenvolvimento do país, para a geração do emprego e para o futuro da indústria e do trabalho. É normal termos divergências, mas estamos do mesmo lado para construir um Brasil melhor. Vamos procurar trabalhar juntos naquilo em que nós convergimos”, explica o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Como destaca o gerente-executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves, não há dúvida de que o país se insere, aos poucos, na indústria 4.0, mas é necessário acelerar o passo e ganhar escala nas inovações para não ficar para trás e perder o lugar na nova ordem mundial.

“Embora seja um fenômeno recente no mundo inteiro, existe um senso de urgência na corrida para a 4ª revolução industrial. E o Brasil deve aproveitar seu potencial”, afirma.

O gerente da CNI enfatiza os seis principais desafios do momento para o avanço rumo à indústria 4.0: a modernização produtiva; a adoção de novas tecnologias; a qualificação de recursos humanos; a infraestrutura de telecomunicações; a regulação da proteção de dados e da segurança da informação; e a coordenação de políticas públicas que promovam um ambiente favorável à nova revolução industrial e que tornem possível resolver problemas da sociedade em conjunto.

“O Brasil tem muito a fazer, mas os principais atores estão trabalhando juntos para este avanço acontecer”, diz João Emílio, lembrando que a CNI faz parte da Câmara Brasileira da Indústria 4.0, um fórum de discussão entre o setor privado, o governo e outros atores da sociedade. O fórum fez uma análise do cenário brasileiro e estruturou um plano para fazer o uso das tecnologias digitais decolarem.

João Emílio acredita que, se as medidas previstas forem colocadas em prática, o país vai conseguir manter sua competitividade no novo cenário digital. Na sua avaliação, o caminho rumo à indústria 4.0 vem sendo percorrido de forma gradual no Brasil.

“A implementação de tecnologias está crescendo, mas de uma forma experimental. A empresa implementa um projeto pequeno, vê que há ganho de produtividade, e aí parte para outro e vai fazendo isso de forma sequencial. Muitos empresários aproveitam máquinas já existentes e incorporam tecnologias e inteligência às suas estruturas. Isso tem sido bom porque mostra que o receio das empresas de que entrar na nova era seria algo caríssimo, não se confirma, contou, acrescentando que as startups são um tipo de ator-chave nesse processo, atuando como fornecedores de soluções para a indústria.

Por enquanto, o foco da 4ª revolução industrial no Brasil tem sido em aumentar a produtividade e melhorar a gestão dos negócios. O próximo passo é aplicar tecnologias digitais no desenvolvimento de produtos e em modelos de negócio. É necessário também expandir a adoção das tecnologias para as pequenas e médias indústrias, pois seu uso hoje está muito concentrado nas grandes.

“Nós precisamos de instrumentos de apoio financeiro para que as empresas consigam fazer esses movimentos na velocidade e na escala necessárias, que é o que está sendo feito em outros lugares no mundo, com a ajuda dos bancos de fomento”, ressaltou João Emílio Gonçalves.

Compartilhar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *